Em todos os níveis dos Seminários Insight – para crianças, jovens ou adolescentes –sempre usamos a analogia do retorno do ser humano ao seu coração. Isso significa que Insight propõe a todos os seus participantes, cada um no seu nível, uma revisão profunda sobre o ponto de partida de onde vêm seus hábitos e tomadas de decisão. De onde vem a intenção do que tenho criado? Qual é o propósito maior de meus sonhos, projetos e empreendimentos?

Com frequência dizemos nos seminários que, ao longo da vida, desenvolvemos “cascas”, formas de atuar pela aparência e por aceitação externa, que escondem nossa essência, escondendo a possibilidade de uma vida criada a partir de um genuíno lugar essencial de neutralidade.
Estudando para meus trabalhos com contos de fada, certa vez me deparei com um conto em especial que me chamou muita atenção. Num estalo, num “insight”, percebi o quanto ele simbolizava exatamente o que é a proposta do Insight.

Utilizo os contos na educação de crianças, jovens e adultos, como maneira de comunicar com liberdade alguns valores significados mais profundos. E é justamente aí, em níveis de profunda inconsciência, que Insight atua com extrema eficácia para trazer-nos uma vida de melhores resultados.


O conto em questão é A PRINCESA E A ERVILHA, Hans Christian Andersen, um dos mais célebres contistas do mundo, que reproduzo abaixo na íntegra:
“Era uma vez um príncipe que desejava para esposa uma princesa – mas devia ser uma verdadeira princesa! Viajou, pois, por todo o mundo para achá-la. Princesas é que não faltavam, mas todas tinham os seus senões, e ele nunca chegava a certificar-se se eram de fato verdadeiras princesas, tais eram as falhas que sempre descobria nelas. Voltou para casa triste e abatido. Desejava tanto encontrar uma verdadeira princesa!
Uma noite sobreveio tremenda tempestade; relâmpagos rasgavam o céu, o trovão rolava, e a chuva caía aos borbotões. Era uma coisa horrível! Foi quando alguém bateu à porta do castelo. E o próprio rei foi abrir. Lá fora estava uma princesa. Mas quanto sofrera com a chuva e a tempestade! A água escorria-lhe pelos cabelos e pelas vestes, entrava pelo bico dos sapatos e saía pelo calcanhar. Disse ela que era uma princesa verdadeira.
– É o que vamos ver! – pensou a rainha ao vê-la. Nada disse, porém, foi ao quarto, tirou toda a roupa da cama e colocou um grão de ervilha sobre o estrado. Depois tomou vinte colchões e colocou-os seguidamente por cima da ervilha. Sobre os colchões, colocou vinte acolchoados de pena.
Ali a princesa deveria dormir aquela noite.
Pela manhã perguntaram-lhe como tinha dormido. – Muito mal! – disse ela. – Não pude pregar o olho a noite toda! Sabe Deus o que havia naquela cama! Estive deitada sobre alguma coisa dura, que me deixou com o corpo marcado. Um horror! Viram então que se tratava de uma verdadeira princesa, já que ela sentira o grão de ervilhas através de vinte colchões e vinte acolchoados. Só mesmo uma verdadeira princesa teria uma pele tão sensível!
O príncipe tomou-a por esposa, pois sabia que encontrara uma verdadeira princesa. O grão de ervilha foi colocado no museu do palácio, onde ainda está se é que ninguém o levou. Vejam só que bela história!”

festival-fairy-1438368-639x961
Ora, simbolicamente, estamos sempre buscando pela nossa VERDADE! Buscamos em nossa existência incessantemente encontrá-la, e se possível, casar com ela para sempre! Assim nos inspiram grandes líderes da humanidade, como Gandhi e Madre Teresa de Calcutá. No entanto, assim como o príncipe, estamos sempre buscando “fora”, no mundo exterior material, símbolos e posses que se deterioram em nosso gosto ao longo do tempo. Neste mundo, tudo tem “seus senões”, suas falhas e imperfeições. Curiosamente, quando paramos de procurar e nos recolhemos um pouco em nosso castelo interior, frequentemente somos surpreendidos por uma visita da verdade. Um olhar inesperado que nos faz lembrar de quem somos, um abraço, um telefone que toca e é um amigo que há muito tempo você não entra em contato. Ou então aparece surpreendente um “estalo” na cabeça, uma tomada de consciência, uma ideia que chega em forma de tempestade nos indicando claramente o caminho a seguir.
No entanto, como avisa a história, nem sempre esta verdade vem vestida de pérolas e sapato de cristal – com idealizamos ser a verdadeira princesa. Porém, mesmo que aparentemente indesejável, com humildade é possível reconhecer a beleza interna de algo ou de alguém. Esta princesa da história, por exemplo, vem completamente pura, da cabeça aos pés – embora aparentemente esteja descuidada! A água purifica-a da cabeça aos pés, e sequer sua sola está maculada – pois “entrava pelo bico dos sapatos e saía pelo calcanhar”.
Mas, claro, uma parte de nós quer sempre investigar e averiguar. E que bom que isto acontece, pois os intempestivos têm suas consequências e é muito sensato ter um apurado instinto protetor. Assim, para definitivamente saber se a verdade chegou, se é para o bem maior de si mesmo e de todos os envolvidos, cabe investigar. E então entra aí a atitude da rainha e a figura da ervilha embaixo de 20 colchões. Quantas vezes na vida, procurando apenas mostrar uma vida de suprema felicidade e plenitude, “varremos para debaixo do tapete” ou embaixo de várias camadas de “cascas”, verdades que não queremos enfrentar? Ou então, para quantos os anos passam, no automático da vida, sem que o verdadeiro propósito de seus corações seja manifestado? Frequentemente estas verdades ficam ocultas por tantas camadas… mas sabe de uma coisa? Nossa sabedoria interna sempre sabe que ela está lá.
E qual então é o grande presente final deste conto? Uma grande irmã e parceira da VERDADE aparece: a HONESTIDADE. Palavra tão direta, do latim “on est”, ser um, não ser dois, sempre ser autêntico – sendo bom ou ruim. Quantos de nós responderíamos como a princesa, se dormíssemos mal na casa de alguém que nos acolheu sobre 20 colchões? A sabedoria da princesa está além até da boa educação: sua suprema franqueza, o reconhecer de que “assim é”, “assim está”, convence a todos de que é uma princesa verdadeira. Todos nós temos bons exemplos na vida de pessoas que nos dizem a verdade, mesmo sabendo que às vezes ela não vem adornada das melhores formas.

encerramento (2)
Assim, para terminar este artigo, lembro o importante momento em que o rei coloca o grão de ervilha no museu do palácio. Nossas reais experiências verdadeiras, boas ou ruins, jamais são esquecidas – por mais que alguém possa achar que as tenha levado. Sábios são aqueles que, na autoridade de reis de suas vidas, mantém com humildade estas situações como pontos de referência. Seminários Insight trazem um espaço em que genuínas experiências como estas acontecem, e, portanto, as verdadeiras verdades das pessoas são encontradas. E nunca mais esquecidas, para a manifestação maior do propósito de vida de quem sempre seguirá com elas, no museu vivo do seu coração.
Para saber mais sobre o trabalho de Lincon Guassi, acesse aulasfantasticas.com.br e fb.com/queroaulasfantasticas.

© 2015 Seminarios Insight Todos los Derechos Reservados
Arriba